Para que a situação se reverta, é necessário chover principalmente na Bolívia, já que 75% da bacia do Madeira se encontra no país vizinho.
Da Redação do BNC Amazonas*
O rio Madeira registrou ontem (6) 2,07 metros em Porto Velho. o nível mais baixo já registrado para essa época do ano desde que os dados começaram a ser coletados, em 1967.
No final do mês de julho, a situação era a mesma: 2,45 metros, a menor marca para o período.
Ao se aproximar da cota dos 2 metros, os dados indicam a gravidade do cenário. No dia 6 de outubro de 2023, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) registrou a cota mais baixa da história: 1,10 m.
Dessa forma, com registros alarmantes a cada dia e que indicam mínimas históricas no rio Madeira, a prefeitura de Porto Velho recomendou que os cidadãos façam “uso essencial” de água e evitem ao máximo o desperdício.
Estiagens
Em situação de seca crítica, a Região Norte enfrenta os reflexos de seguidas estiagens registradas nos últimos anos.
Marcus Suassuna, engenheiro hidrólogo do SGB e responsável pelo monitoramento da bacia do rio Madeira, informa que, para o mês de agosto, a média histórica é de aproximadamente 5,3 metros.
Ou seja, a situação atual é de mais de três metros abaixo do nível se considera normal.
“O fator principal é a chuva abaixo da média. Há uma anomalia de chuva significativa sobre toda a Bacia Amazônica”, explicou à Agência Brasil.
Segundo Suassuna, a estiagem não é inédita este ano e tem como causa fatores como o aquecimento do Oceano Atlântico Norte e o fenômeno El Niño. Dos seis períodos mais críticos, cinco foram nos últimos anos.
“A estação chuvosa inteira foi muito ruim, o que fez com que a seca no ano passado se prolongasse. Em consequência, o nível do Rio Madeira começou a subir muito tarde e de maneira muito fraca”, disse.
Em relação às mudanças climáticas, o especialista diz que fenômenos como o El Niño mostram sinais mais evidentes em um planeta mais quente, como tem sido constatado recentemente.
Para que a situação se reverta, é necessário chover principalmente na Bolívia, já que 75% da bacia do rio Madeira se encontra no país vizinho.
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Bacia do rio Amazonas
No último dia 30 de julho, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos nos rios Madeira e Purus e seus afluentes, que correm no sudoeste do Amazonas.
Uma semana antes, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconhecera situação de emergência na capital e em mais 17 cidades do estado que enfrentam a seca severa.
De acordo com Marcus Suassuna, a situação também é crítica nas bacias dos rios Acre e Tapajós, o que pode gerar consequências em outros estados da região amazônica como Acre, Pará e Amazonas.
Assim sendo, no Madeira, estão localizadas as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Além disso, o rio serve como importante hidrovia usada para transporte fluvial de carga e passageiros.
Assim, o trecho navegável de 1.060 quilômetros entre Porto Velho e Itacoatiara (AM) transportou de 6.538.079 toneladas em 2022, o que corresponde a 9,2% do total transportado por vias interiores no Brasil.
*Com informações da Agência Brasil.
Foto: divulgação/Defesa Civil de Porto Velho