POLÍTICA – Presidente estadual do PT tem dois pedidos de expulsão do partido.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

O desempenho pífio do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 2024, especialmente em Manaus, já tem o seu “bode expiatório”.

Trata-se do único deputado estadual da legenda nos últimos 25 anos: o professor Sinésio Campos. Também presidente do diretório estadual, ele é deputado no Amazonas desde 1999.

Desse modo, Campos conquistou oito mandatos consecutivos para a Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).

Agora, o petista enfrenta dois pedidos de afastamento da direção estadual.

Além disso, sua reeleição para um terceiro mandato à frente do PT do Amazonas está praticamente descartada.

Embora ainda tenha poder e voto entre os membros do diretório estadual (delegados), o deputado petista não pode mais se reeleger, segundo informaram fontes do partido.

As conversas sobre o processo de eleição direta no PT nacional, estadual e municipal começam agora, em novembro.

E as eleições de novos dirigentes são em 2025.

Sem chance

“A sucessão do Sinésio é automática, inevitável e irreversível. Não tem chance nenhuma de ele continuar como presidente pelos últimos acontecimentos, Por exemplo, por ter abraçado O União Brasil e outras candidaturas de direita. Mas, também, por defender pautas como garimpo ilegal, desmatamento, desapropriação de terras indígenas e de quilombolas na região de Silves”, disse um integrante do PT.

E prosseguiu:

“Além disso, falou mal do combate aos incêndios e chamou Marina Silva de inoperante, uma ministra do governo Lula. Ele bateu de frente com o governo federal, bateu de frente com a direção do partido, delegados e membros do PT, como o defensor público Carlos Almeida”, disse o integrante do PT, que pediu anonimato.

Acusações

Assim sendo, nas eleições municipais deste ano, Campos foi acusado de não caminhar ao lado do candidato do PT a prefeito de Manaus, Marcelo Ramos.

O ex-deputado federal, recém-chegado ao partido, depois de passar pelo PCdoB, PSB, PSD e até pelo PL, ficou na quinta posição do pleito. Ramos obteve apenas 66.528 votos, o equivalente a 6%.

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Dessa forma, reunindo um dos piores desempenhos do partido em Manaus, no estado e em todo o país, e ainda a falta de empenho na candidatura da federação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV), Campos ainda enfrenta dois pedidos de expulsão, tanto dos quadros petistas quanto da direção estadual.

Rumo à extrema direita

Além do mais, os bastidores da política apontaram que o presidente estadual do PT apoiou, por fora, a candidatura do colega deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil).

E ainda de fazer parte do grupo do governador Wilson Lima (União Brasil), para onde pretendia levar a legenda.

Os petistas adversários de Campos pediram investigação, junto à direção nacional do PT, para checar e saber qual o grau de comprometimento do parlamentar com a extrema direita do Amazonas.

Crime eleitoral

Em 10 de outubro deste ano, a executiva municipal do PT pediu afastamento de Campos

A decisão ocorreu após a Polícia Federal apreender R$ 20 mil em espécie com uma de suas assessoras, em um voo para Benjamin Constant, onde o parlamentar disse manter sua base política.

Isso teria ocorrido no dia 3 de outubro, pois, três dias antes da votação do primeiro turno.

Campos teria admitido ser o dono de parte do dinheiro, alegando que era para “custear despesas de assessores” em Benjamim Constant.

Por conta disso, o diretório municipal do PT, presidido por Valdemir Santana, aprovou o afastamento de Campos por 10 votos a favor, 2 contrários e 1 abstenção.

O afastamento foi proposto pelo grupo liderado pelo único vereador petista eleito, José Ricardo Wendling, adversário interno de Campos.

O pedido de afastamento foi enviado ao diretório nacional do PT.

Sem competência

Em resposta, a direção estadual do PT (Sinésio Campos) disse que o diretório municipal (Valdemir Santana) é desprovido de competência para afastar qualquer membro da executiva estadual.

Portanto, o pedido de afastamento é uma usurpação de competência, que atropela o estatuto partidário, segundo Campos.

Além disso, a ação revelaria interesse no desgaste, perseguição política interna e a antecipação das eleições do PT, conforme o deputado.

Com relação aos R$ 20 mil encontrados pela Polícia Federal nas eleições, a nota de esclarecimento do presidente do PT Amazonas diz o seguinte:

“A apreensão de R$ 20 mil, quando aguardava na sala de espera a autorização para decolar ao município de Tabatinga e, posteriormente, seguiria de lancha a Benjamin Constant, Atalaia do Norte e outros municípios, já foi esclarecido, tanto na superintendência da Polícia Federal quanto à sociedade amazonense”.

Do mesmo modo, diz a nota, que a origem do dinheiro é lícita, fruto de seu salário como deputado e serviria para custear despesas de sua viagem e de seus três assessores: despesas com transporte, alimentação, hospedagem e outros.

Cargo mantido

Por fim, o documento informa que o presidente estadual do PT continua no cargo e põe seu mandato de deputado estadual a serviço da sociedade e da luta dos trabalhadores e trabalhadoras amazonenses.

“Todavia, repugnamos posturas descabidas e fantasiosas que queiram atentar contra o Partido dos Trabalhadores, seus militantes e dirigentes”.

Segundo pedido

Em outro pedido, o defensor público Carlos Almeida Filho (ex-vice-governador do Amazonas, primeiro mandato de Wilson Lima – 2019-2022), agora membro do PT, também pediu a “cabeça” de Campos da direção do partido.

Isso porque o parlamentar petista subscreveu a aprovação, na Assembleia Legislativa do Amazonas, do projeto de lei 972/2023, que criminaliza moradores de ocupações Irregulares.

A proposta é da deputada estadual Débora Menezes, do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e do candidato derrotado em Manaus, Alberto Neto.

Sob análise

O pedido de Carlos Almeida foi enviado para à presidência da comissão executiva nacional do PT, em Brasília. Até o momento a direção nacional não se pronunciou.

Do mesmo modo, Campos, não se manifestou sobre esse segundo pedido de afastamento do comando do partido no estado.

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