A doença é grave e pode causar cirrose e até câncer
Estudos se concentram no município de Lábrea, no rio Purus
Brasília (ÚNICO) – Uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia e profissionais de Saúde de Lábrea (a 852 km de Manaus), no sul do Amazonas estão preocupados com o aumento dos casos de hepatite Delta entre os ribeirinhos.
A hepatite Delta é silenciosa, mas é o tipo mais agressivo das hepatites virais, podendo causar cirrose, câncer e até mesmo levar à morte.
Pesquisa de campo
Há um mês os pesquisadores chegaram ao município e identificaram que há aproximadamente 1,4 mil casos notificados da doença na cidade e apenas 140 pacientes em acompanhamento.
Os pesquisadores percorreram as comunidades ribeirinhas de Várzea Grande e Acimã, no rio Purus. Durante dois dias foram realizados testes rápidos e exames laboratoriais, mas o foco principal da equipe foi o diagnóstico e rastreamento das hepatites virais, em especial a hepatite Delta. Dos 113 moradores atendidos nas duas comunidades, 16 foram diagnosticados com a hepatite.
Hepatite Delta
A hepatite Delta pode não apresentar sintomas iniciais. Ela está associada a uma maior ocorrência de cirrose, até mesmo dentro de dois anos da infecção, podendo levar a outras complicações como câncer e até mesmo à morte.
Quando há sintomas, os mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Segundo o Ministério da Saúde, a principal forma de prevenção é a vacina contra hepatite B.
Transmissão
Segundo o Ministério da Saúde, a doença pode ser transmitida por relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada; da mãe infectada para o filho durante a gestação e parto; pelo compartilhamento de material para uso de drogas, como seringas, agulhas, cachimbos; compartilhamento de materiais de higiene pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam; na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam as normas de biossegurança, entre outras formas de contágio.
Por isso, é importante, por exemplo, para se proteger, o uso de preservativos em relações sexuais e não compartilhar objetos pessoas que podem entrar em contato com cortes, como lâminas de barbear, equipamentos para piercing e tatuagem, entre outros.
Tratamento
Em relação ao tratamento, não há medicamentos que promovam uma cura. O que é feito é o controle do dano da doença ao fígado, para que ela não evolua. As terapias são disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além do tratamento com medicamentos, orienta-se que não se consuma bebidas alcoólicas.