PF pede a Moraes que libere uso de informações do inquérito do golpe em apuração sobre Abin paralela

Policiais apuram o uso de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento ilegal de políticos e autoridades. Investigadores veem elo entre as duas investigações.

Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília

Fachada da sede da Polícia Federal em Brasília — Foto: Divulgação/PF

Fachada da sede da Polícia Federal em Brasília — Foto: Divulgação/PF

Polícia Federal pediu nesta sexta-feira (6) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o compartilhamento de informações do inquérito do golpe na investigação sobre a chamada “Abin paralela”.

Nessa apuração, policiais federais investigam o uso de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades, políticos e jornalistas durante o governo Jair Bolsonaro (PL)

A PF vê um elo entre o inquérito da “Abin paralela” e a tentativa de dar um golpe de Estado em 2022 – que, entre as ações, previa até o assassinato de autoridades – revelada em detalhes em novembro.

A solicitação de compartilhamento é assinada pelo delegado Fabio Shor, que conduz investigações que envolvem Jair Bolsonaro.

No pedido feito a Moraes, a Polícia Federal diz que identificou a participação de servidores – que no governo Bolsonaro estavam lotados na Abin – os quais atuaram com o objetivo de “disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro e assessorar o ex-presidente com estratégias de ataques às instituições democráticas, ao Poder Judiciário e seus respectivos membros”.

No relatório final da PF do inquérito do golpe, os investigadores apontaram que servidores lotados na Abin durante a gestão Bolsonaro – à época a agência era chefiada por Alexandre Ramagem – utilizavam ferramentas do órgão com o objetivo de subsidiar possíveis ações golpistas.

Segundo a solicitação feita pela PF, as investigações apontaram, inclusive, a participação de “vários policiais federais”, que desenvolveram ações para “desestabilizar o Estado Democrático de Direito, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter Bolsonaro no poder, a partir da consumação de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, restringindo o exercício do Poder Judiciário e impedindo a posse do então presidente da república eleito”.

O delegado Fabio Shor afirma que os fatos investigados podem gerar responsabilização dos policiais federais envolvidos “na esfera administrativa-disciplinar”.

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